quarta-feira, 9 de julho de 2014

Booooom dia, Vietnam!!!!
Após o ostracismo autoimposto, decido voltar, macacos. Dois leitores me cobraram o retorno e achei bastante oportuna a circunstância. Nunca vi o pais em momento mais peculiar: sediando uma Copa do Mundo repleta de trambiques, obras superfaturadas e em vergonhoso atraso - muitas das quais jamais serão entregues, aposto - e às vésperas de uma eleição presidencial cujos candidatos não podiam ser piores. Conseguem enxergar a dimensão? Vimos o Brasil chorar o machucado de Neymar, que acenava sorridente da maca, cheio da grana e usando o boné de seu patrocinador, enquanto outros choravam seus parentes vitimados por uma obra superfaturada e executada erroneamente. Muitos se abalaram com o massacre da seleção brasileira pelo time alemão sem sequer se darem conta do massacre em Gaza, este sim um massacre, com bombas e corpos destroçados. Isto sem falar naquelas famílias que tudo perderam em desapropriações para obras da Copa, ou vitimadas pela especulação imobiliária que ameaça diariamente reservas ambientais e comunidades carentes.
Hoje, no dia seguinte à derrota vergonhosa da seleção brasileira de futebol, de quem é a ressaca? Daqueles rostos sorridentes nas arquibancadas exibidos pela TV, quem nem de longe se pareciam com empregadas domésticas como os cubanos do Mais Médicos? (por falar neles, como anda a saúde em seu município?) Dos jogadores patrocinados e bem pagos que sequer moram aqui no Brasil? De quem perdeu sua casa e seus vizinhos para a construção de uma pista que ainda nem foi iniciada?
Esse, sem dúvida, não é o maior problema se vocês humanos lembrarem que daqui há três meses seremos convocados a votar em candidatos cujos nomes eu sequer preciso mencionar aqui, pois sabemos quem é quem. Sabemos quem é acusado de fraude contábil e sumir com 4,3 bi, sabemos quem é o coronel que vende ou 'doa' o patrimônio público de acordo com seus próprios interesses, sabemos quem é a fachada de um partido que há muito se corrompeu e se tornou aquilo que dizia combater ferozmente, sabemos que, se você é a maior aposta de uma máquina de corrupção chamada Política Brasileira, claro que você é faz parte de um plano que eu jamais vi priorizar as necessidades reais do povo.
O Brasil hoje é um país bem diferente do que era quando passei a me interessar por sociologia e política, isso não posso negar. As condições de trabalho, saúde e cidadania hoje são bem melhores que há 30 anos, mas está longe, muito muito longe do ideal. Quando isso vai mudar? Como isso vai mudar? Com certeza não num gramado de um estádio brutalmente caro, não sob aplausos de uma classe elitista, não com a fome a doença dos miseráveis, não mesmo, porque o mundo é escamoso, vai por mim.